Entre 7 e 10 de maio de 2024, integrantes de Mecanismos de Prevenção à Tortura se encontraram para a ‘Reunião Regional de Mecanismos Nacionais de Prevenção da Tortura: Avanços e Desafios na implementação do OPCAT na América Latina’

Reunidos para uma agenda de quatro dias liderada pela Associação para a Prevenção da Tortura, 14 Mecanismos Preventivos Nacionais (MNPs) e Locais (MLPs) de dez países latino-americanos participaram de um aprofundado programa de diálogos, perpassando temas relacionados a seus processos de trabalho, novas agendas preventivas e contextos cada vez mais desafiadores para se levar adiante um mandato preventivo relacionado a abusos de direitos humanos contra pessoas privadas de liberdade.

Quase 20 anos após a entrada em vigor do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura (OPCAT) em 2006, a América Latina mantém uma rede robusta e inovadora de MNPs. Até o momento, esses organismos foram designados em 17 países – 85% dos Estados - da região. Desde a ratificação até à implementação do OPCAT pelos Estados-Parte, a APT tem atuado em parceria com organismos estatais e com a sociedade civil na região para promover a independência e aprimorar capacidades dos MNPs para inibir a tortura e os maus-tratos.

No encontro os MPN puderam interagir com base nas suas experiências técnicas e de campo com metodologias e práticas de monitoramento abrangentes relativas, por exemplo, à custódia policial, protestos e outros contextos críticos de atuação, como em sistemas prisionais militarizados ou unidades nas quais as autoridades estatais não estão no controle. Ao longo das sessões, temas e aprendizados interessantes surgiram.

Os representantes chilenos do Comité para la Prevención de la Tortura apresentaram insights sobre o monitoramento em delegacias de polícia. O órgão nacional destacou uma equipe para apenas para o Controle Policial, mapeando todas as delegacias geridas pela gendarmaria e pela polícia civil no país, e estabelecendo um plano de trabalho de monitoramento de 3 anos. A equipe tem visitado instalações policiais para documentar más condutas, enquanto coletam problemas observados por outros atores interessados. Todos os resultados são orientados para uma ação concreta e o diálogo contínuo tem sido fundamental para adaptar e tornar eficazes as salvaguardas das pessoas detidas, proporcionando à polícia orientação técnica para operar em conformidade com os parâmetros de direitos humanos e com apoio de outros órgãos estatais.

Na sessão sobre Tendências Regionais na Implementação do OPCAT, peritas e peritos dos MNPs e MLPs da Argentina e do Brasil se reuniram para apresentar e debater lições a respeito das interações em âmbito nacional entre os Mecanismos Preventivos e da criação de MLPs em todas as unidades da federação. A priorização desta agenda pelo governo federal, o desenho de políticas públicas específicas, a abordagem flexível aos modelos/estruturas legais e o apoio financeiro às administrações locais observados na Argentina foram considerados essenciais para alcançar maior sucesso na efetivação do OPCAT em escala local. Até o momento, a Argentina possui quinze MPLs operacionais (60% das unidades da federação), enquanto o Brasil possui cinco (18%). Outras discussões temáticas sobre Tendências Regionais do OPCAT agruparam MNPs enquadrados como Instituições Nacionais de Direitos Humanos (Uruguai, Chile, Equador, Peru, Bolívia e Costa Rica) e aqueles definidos como instituições autônomas (Honduras, Paraguai e Brasil).

O programa também incluiu uma reunião de trabalho sobre a Prevenção da Tortura no Contexto de Mobilidade Humana na América Latina, uma iniciativa conjunta com o Escritório Regional do Alto Comissariado para os Direitos Humanos para a América Central, moderada pelo seu representante Byron Cárdenas. O debate sublinhou a atual crise internacional na região, a violência contra os migrantes e as diferentes modalidades de detenção que desafiam o monitoramento, a documentação e a prevenção de violações dos direitos humanos por parte dos MNPs e da sociedade civil. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Costa Rica), o Centro de Justiça e Direito Internacional – CEJIL, a International Detention Coalition e o Centro de Derechos Humanos Fray Matías de Cordova A.C. foram convidados a partilhar reflexões e potenciais parcerias com os MNPs sobre o este tema.

Outra reunião de trabalho foi organizada na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em sua icônica sede em San José. O diálogo com os advogados da CIDH, Romina Sijniensky e Javier Mariezcurrena, centrou-se na forma como os MNPs podem adotar e melhorar o cumprimento pelos Estados-Parte dos parâmetros de direitos humanos estabelecidos na Opinião Consultiva OC-29/22 da Corte, que trata de Abordagens Diferenciadas em Relação a Certos Grupos de Pessoas Privadas de Liberdade.

A APT gostaria de agradecer nomeadamente ao Mecanismo Nacional de Prevención de la Tortura do EquadorComité para la Prevención de la Tortura do ChileMecanismo Nacional de Prevención de la Tortura da Costa Rica; Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura do BrasilProcuración Penitenciaria de la Nación da ArgentinaMecanismo Nacional de Prevención de la Tortura do PeruMecanismo Nacional de Prevención de la Tortura do UruguayMecanismo Nacional de Prevención de la Tortura do ParaguaiConaprev – Mecanismo Nacional de Prevención de HondurasComité Nacional para la Prevención de la Tortura da ArgentinaMecanismo Nacional de Prevención de la Tortura da BoliviaComité Provincial para la Prevención de la Tortura de Salta, Argentina; Mecanismo Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro, Brasil; e Mecanismo Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura do Acre, Brasil.

 

News Tuesday, June 11, 2024